27.4.07

cenas de novelas inuteis

Eu adoro quando os praibói da novela se dão mal. Tipo, só porque eles são executivos de terno cinza e ganham uma fortuna mensal, acham que podem seduzir a mocinha classe média. Mas aí a mocinha, que não é nem um pouco besta e gosta mais dos amigos que do dinheiro, decide ficar com o entregador de pizza. Rarara. Eu me divirto muito.
Hoje é um dia que seria de sono. Porque ontem eu não dormi. Mas daí eu dou umas braçadinhas, coloco um Fu Manchu seguido de Jay Jay e já acho que estou pronta para mais uma noite sem dormir. É coisa de joselita, eu sei. Mas cada um é o que pode ser.

Mas algumas pessoas me dão muito sono. Pessoas cheias de certeza, do tipo que falam no imperativo. Sono. Pessoas sem imaginação. Sono. Pessoas sem coragem. Sono. Pessoas que empacam na fila do bandejão, escolhendo entre arroz e feijão. Sono. Pessoas que sempre põem a culpa nos outros. Sono. Pessoas que falam com voz de vítima. Sono. Pessoas que só usam citações. Muito sono.

Nós, da Liga, fizemos uma lista para competir com as desculpas do Juan (
www.exigentesaoextremo.com.br), reunindo as maiores pérolas que escutamos quando alguém quer, tipo, nos dispensar. E incluímos respostas para esse momento tão datado.

“Não estou em um bom momento.” Similar à “não é você, sou eu”.
Resp: você quer ir ao banheiro fazer o número 2?

“Não estou preparado para cobranças, terminei um relacionamento longo etc etc etc”.
Resp. Você não está imaginando que eu vá pagar a sua conta, certo?

“Acho que você está mais envolvida que eu, buscando mais da relação (traduzindo: acho que você quer me namorar)”
Resp. Quando eu quiser te namorar, eu te informo.

“Você foi o melhor sexo da minha vida, mas...”
Resp. Sinto muito não poder dizer o mesmo.

“Tenho medo do futuro”.
Resp. Você foi a uma cartomante e eu estava no seu futuro?

“O meu terapeuta não acha que é um bom momento”
Resp. Nem o meu.

“Você me assusta. É muito diferente de mim (tradução: você é bizarra)”
Resp. Não diga nada. Peça uma coxinha e saia andando. Rápido.


Ultimamente, a única coisa que me irrita é a rinite. Estou evoluindo.

Borboletas inocentes em ciano e magenta


A arte, obra humana forjada em sentimentos, em imponderáveis intangíveis, é um dos alimentos favoritos de minha alma inquieta.
Em frente à oficina, tragava um cigarro à espera. Uma espera boa, sem angústia, plácida. Em frente ao ponto de ônibus, em meio ao tráfego ensurdecedoramente incessante, ela se debatia, tentando respirar e chegar mais alto. Uma borboleta, amarela e preta, tentava desviar dos veículos tão mais gigantes e alçar vôo rumo ao céu. Ela estava angustiada e sua angústia tornou-se violenta e veloz, e ela finalmente encontrou um rastro rumo ao cinza acima.
Imitando a borboleta em meu ciano preferido, eu tentava respirar violentamente para também ser veloz. Quando quase chegava à superfície da água para alçar vôo, me dei conta do magenta em meus dedos e me deixei levar pela sedutora combinação do ciano e magenta no fundo da piscina. De borboleta tornei-me sapo. E isso me deixou feliz: um sapo seduzido por cores primárias.
Na ida a avenida era só desespero imóvel, o tempo sempre correndo angustiado contra nós.
Pausa: Ei, me empresta o fogo?
Eu lhe dou o cigarro. O semáforo abriu, pode ficar com o cigarro...
Õ, sempre pára. E me devolve o cigarro.
Adictos sempre se ajudam para perpetuar o vício.

E depois, levamos umas bofetadas, ao constatar a miséria de nossa solidão, de nossos sonhos torpes e idéias idem. Ao constatar os suicídios a que nos submetemos. “Ai, se eu trabalhasse em um posto de gasolina”. “Às nossas diferenças, daremos o nome de amor”. “A desconfiabilidade do mundo - a economia e as ciências naturais dominaram o mundo. As ciências humanas já não têm mais o que perguntar”. “Meus pensamentos são escuros”. Inocência, é o nome da peça.
Na volta, a avenida era só minha, como eu gosto que ela seja. Luzes verdes e antenas altas.
Se for faltar alimento, que a arte seja o último a desaparecer.

Inocência: www.satyros.com.br
Foto: Borboletas, Museu História Natural, NY

24.4.07

Miniature disasters

Um dia de pequenas catástrofes e pequenas vitórias. Duas riot girls me levaram para casa. Decidi abrir o arquivo que meu querido gravou com as músicas da KT Tunstall. Gostei mais que de costume, uma voz estilo Nat do Ten Thousand. E como adoro a minha felicidade medíocre quando descubro que eu já amava uma das músicas da moça sem saber. Foi uma das trilhas sonoras da NZ.
But this one, it´s perfect for the day:

"Miniature disasters and minor catastrophes
Bring me to my knees
Well I must be my own master
Or a miniature disaster will be
It will be the death of me"