24.5.07

Le bien, le mal

Le mal

Planilhinhas com fórmulas bisonhas durante 7 inacreditáveis horas
Think about the near future
Intoxicating my body
Realize that you´re right, when you´re praying to be wrong


Le bien

The pool, after many days
Some music is back, I hope it lasts forever
A help from someone you love, when you´re starting to desperate
Acordar alguém às 21h30 e escutar: que bom que você ligou

22.5.07

adrenalina do medo e do êxtase


A sensação é bem parecida, com a diferença que o tipo de adrenalina que sinto agora é medo e não êxtase. A primeira vez que saltei de bungy jump, era 26 de dezembro e eu não tinha mais o que fazer à tarde. O tempo estava ruim em Queenstown e o ônibus para o sul só sairia no dia seguinte. Decidi tudo em dez minutos e, para garantir as fotos, levei meu amigo Thiago a tiracolo.
A adrenalina é imensa, quanto mais se aproxima o momento do salto, maior fica. O ápice é quando se está no edge, a borda da plataforma. O segredo é olhar para a frente e saltar nas montanhas.
Sendo o primeiro, era mais simples porque eu não sabia o que esperar. Quando vi, já estava no segundo bounce, depois de mergulhar de cabeça em um rio.
Já o segundo salto, foi uma decisão de dez minutos também, mas porque só havia mais dois lugares disponíveis. Também foi em Queenstown, no último dia do ano. A Elizabeth, norueguesa que também saltaria do Nevis (o bungy mais alto da NZ), estava ansiosa mas infinitamente mais calma que eu, porque ela não sabia o que esperar. Eu já o sabia de antemão e na noite do dia 30, por mais shots que tomasse, não conseguia parar de pensar no mergulho aéreo do dia seguinte.
Dessa vez, a viagem foi mais longa e cheia de ansiedade. O salto também era muito maior: 170 metros de altura, 134 metros de corda. Os cuidados, idem: há limite de peso e de pessoas no local. E o rio fica muito, muito longe da plataforma. O mergulho é só no ar.
Quando terminou a contagem, me joguei no infinito, como uma suicida que se atira do 60º andar. São oito intermináveis segundos de queda livre e adrenalina. O outro salto ficou pequeno.
A primeira vez é sempre mais fácil: você não sabe como é, então não sabe o que sentir. Quando você já experimentou e sabe do que se trata, sente tudo duplicado.
A primeira vez que eu entrei no centro cirúrgico, também não tinha idéia do que sentir. Foram quatro intermináveis horas na sala de pré-cirurgia, vendo a gente que voltava grogue com os efeitos das anestesias. Pedi que me dopassem e quando vi já estava no quarto, com as pernas enfaixadas e parecendo bêbada. Os dias subseqüentes foram difíceis e exigiram muito de mim.
Agora, a sensação é a mesma, só que duplicada. A cirurgia é mais delicada, o salto e o risco são maiores, os dias subseqüentes serão mais intensos. Como no segundo bungy. A diferença é que lá eu queria de alguma forma sentir tudo de novo. Agora não. Se eu pudesse escolher, não pulava dessa borda. Mas às vezes, a única escolha possível é saltar. Porque o contrário é suicídio.

21.5.07


Estou até agora Esperando Godot.

Resumo do Resfest (festival de cinema): muito rótulo e pouco conteúdo. Nem sempre a imagem é mensagem.
A arte deve dialogar, modificar, provocar. E não vi nada parecido com isso no festival. Só percebi que as pessoas não sabem contar histórias e não têm referências. Editorial de moda e publicidade não são arte. Não por nada, mas por princípio: a arte é livre.

E por falar em histórias, elas se repetem mesmo. Não é que eu tive um deja vu de discurso vindo de três fontes diferentes? Gente, não adianta se arrepender por não ter feito. Se você tem interesse, vai lá, faz e depois decide se foi bom ou não.

Boa mesmo foi a carta do José de Souza Martins comentando a reportagem da Veja sobre a ocupação da USP. Uma mente esclarecida em meio ao obscurantismo. A matéria da Veja é aquela coisa pasteurizada classe-média paranóica. Não defendo a invasão, mas defendo a autonomia das universidades. Acho sim que toda instituição pública deve prestar contas, afinal a verba é do contribuinte. Mas não concordo com a idéia de que o investimento tenha de passar pelo aval de quem quer que seja que não a universidade e seu corpo docente. Isso a gente faz lá onde eu trabalho, que é um espaço privado que visa ao lucro. Em uma universidade, o pensamento deve ser livre, inclusive das influências do mercado. De outro modo, quem se arriscaria a produzir conhecimento sobre o jongo, por exemplo?

PS – para quem não sabe, jongo é uma dança afro-brasileira linda.