13.4.07

Dude (looks like a lady)


Eu passei o dia babando e rindo feito uma hiena louca, de tanto sono. Nem um litro de café salvou o meu dia, com produtividade perto do zero. Mas o cansaço da sexta 13 valeu cada minuto. Porque na virada desse dia eu estava gritando e pulando e ficando sem voz no show do Aerosmith. Primeiro showzão de rock tiozinho do ano.
E mais uma vez eu comprovei minha teoria de que show de rock é quase insuperável. Quase porque, para mim, fica no mesmo grau de êxtase que show de jazz.
Mas não é qualquer show de rock. É do rock velha-guarda, dos cabeludos com guitarras virtuosas e performance de franga no palco. Porque show de banda de rock moderninha, indie, não chega aos pés do rock cinquentão. Não que eu não adore e não vá – quem me conhece sabe que estou mais para Pixies que para Roger Waters – mas esses caras que fizeram escola com o Led Zeppelin são infinitamente superiores no palco. É a atitude “quebra tudo” que faz a diferença, sem aquele ar blasé e deprimido com o mundo. É a performance com dois quilos de make-up e cabelos longos esvoaçantes, com calças jeans justinhas e muita gritaria que eu considero rock n´roll. É para lavar a alma, literalmente.
Isso porque o Aerosmith não tocou clássicos como Amazing e Deuces are Wild. Mas o Tyler impressionou com o vocal absurdo, cantando quase duas horas sem parar. Eu, que acompanhei até onde pude, estou sem voz. E o cara tem o dobro da minha idade! Sem falar da guitarra do Joe Perry e da canja de blues que deram no show.
E eu fiquei feliz também de ver o Velvet Revolver. Podem falar que é uma porcaria, eu me esbaldei ao ver o Slash apavorando na guitarra com sua cartola, cabeleira e cigarrinho na boca. Melhor ainda quando tocaram Mr Browstone, uma de minhas favoritas do Guns.

Depois de ver os tiozinhos com barriga tanquinho e saltitando sem parar no palco, cheguei à uma conclusão: heroína e cocaína injetáveis mantêm o indivíduo em forma. O segredo da juventude está em se drogar até o limite. Mas drogas pesadas, please. Nada de cachacinha e maconha. Você se acaba na mr. Brown até que decide parar com tudo, vira vegetariano e começa a praticar esportes enlouquecidamente. E vive 100 anos. Repare: Iggy Pop, Lou Reed, Mick Jagger, Steve Tyler. Todos os shows que vi desses caras foram alucinantes, eles com o dobro da minha energia, corpinhos sarados e fazendo muito rock n´roll! E todos seguiram esse receita.
Agora repare nos maconheiros do reggae com 60 anos: todos acabados. E os cachaceiros, como Raul e Janis Joplin, esses não duraram muito. Mas precisa saber a hora de parar, porque senão fica que nem o tio Ozzy, babando e fazendo sitcom na MTV.
O único caso não explicado é o Keith Richards, mas ele é filho do Drácula, imortal.

9.4.07

coisas para fazer na praia


Li em um blog amigo que a praia é um espaço que bestializa o indivíduo. Seja lá o que isso signifique, a palavra é boa, até Murilo Carvalho usou em um de seus melhores livros, Os Bestializados. Mas a praia bestializa porque iguala a todos, esse é a justificativa do autor. E nivela todos por baixo, pelo pior tipo, que é o surfista calhorda. Aliás, era essa a música de uma banda batuta lá da minha terra, Os Replicantes. O surfista calhorda é o que não sabia surfar e ficava rabeando a onda dos outros. (rabear - expressão que designa descer a onda na frente de outra pessoa e não ser bem sucedido. Tipo, atrapalhar o movimento)

Eu respeito quem não gosta de praia. Não entendo, mas respeito. Fico achando o mundo meio injusto quando isso acomete pessoas que vivem em cidades de praia. Elas deviam fazer um intercâmbio comigo, que moro na Babylon sem água, apenas com esgoto a céu aberto.

E, como para mim não há nada como a geografia litorânea e o gosto de sal na boca, inspirada pelo post alheio e por mais um feriado no Rio, fiz uma lista de dez coisas ótimas para fazer na praia:

1) Descer de duna correndo, para tropeçar e virar milanesa

2) Jogar taco, a favor do vento para você e contra o vento para o adversário

3) Ver o nascer ou o pôr do sol, quieto

4) Surfar. Poucas sensações são tão boas quando deslizar por uma onda, mesmo que seja para levar um caldo monstro

5) Mergulhar. Se não tem onda, pode ter peixinho, pedra, areia mexida e até lixo. O fundo do mar é melhor que quadrinho

6) Dormir na areia e acordar de mansinho, para não estragar a vertigem

7) Simplesmente observar a natureza

8) Apostar corrida para entrar na água gelada

9) Caminhar a esmo, especialmente em litorais feitos para isso, como o do Rio Grande

10) Tirar milhares de fotografias de uma série perfeita de ondas, como em Pipeline


PS - a foto acima é de Whitianga, NZ. Não tem como não gostar.