sobre o fim

Fim de ano é um porre atrás do outro, um monte de ansiedades para concluir o que nos propusemos lá no início do ano (e que vamos propor de novo), um tanto de horas gastas em congestionamentos cretinos por causa de árvores de natal e show de luzes. Eu detesto árvores de natal, presépios e coral. A temática natalina de modo geral me irrita.

A parte boa do fim de ano é que, por alguma razão obscura, marcamos encontros com todas as pessoas para as quais não demos a menor audiência durante o ano. E nos atualizamos sobre todos os assuntos pendentes, para que possamos passar o próximo ano agendando chopes que não vão acontecer.

E também encontramos todo mundo que a gente gosta e que vimos menos do que gostaríamos. Hoje eu fui fazer aquele tricô com as meninas: almocinho, vinho e conversas que realmente alimentam o meu ego. Falamos mal dos nossos empregos e salários, revisamos nossas bandas e escritores favoritos, discutimos nosso apreço por esquisitices em geral e pessoas complexas, decidimos arrumar um geriatra e começar alguma atividade física que não seja ingerir unidades alcoólicas no próximo ano.

Não fizemos nenhuma promessa, porque já somos crescidinhas e sabemos que não vamos cumpri-las.

Mas trocamos livros incríveis, fizemos listas infames e concluímos que as grandes bandas de rock, daquelas com jatinhos, não existem mais. Tudo bem, ainda existem Michael Stipe e Yorke e eles querem comer o Morrisey.