19.10.08

pelo menos eu vou tentar

Muitas vezes tenho dificuldade de aceitar a cultura do país no qual nasci. Entendo as razões históricas para determinados modus operandi coletivos, não joguei fora Raízes do Brasil, Casa Grande e Senzala e tantos outros que colocaram em perspectiva um século de escravidão, colonialismo etc. Mas o ponto é que me identifico muita mais com os yankees do que com os brasileiros no modo de agir e pensar.

Prefiro o “i´ll do my best” do que o “a gente dá um jeito”. Essa falta de comprometimento generalizada, esse conformismo com as coisas feitas de qualquer jeito me dá ganas. A corrupção, a falta de respeito pelo indivíduo e, sobretudo, pelo coletivo me deixa muito indignada. Dias desses até o porteiro quis me corromper, pedindo uma cerveja por um favor que ele decidiu fazer e que eu não pedi. Ignorei solenemente, não me sinto no dever de retribuir nenhum favor.

E é por isso que, quando vejo pessoas agindo de modo responsável, fazendo o seu melhor, alimento um pouco de esperança. O cara da NET acabou de sair aqui de casa, veio configurar o computador emprestado que estou usando para acessar a Internet.

Se a atendente da NET tivesse um mínimo de informação e boa-vontade ele não precisava ter vindo aqui em pleno domingo frio e chuvoso, porque eu sabia que era uma coisa muito simples o erro de conexão que estava dando. Mas ela não foi sensata e o moço veio. Não só resolveu o problema como identificou outro problema, resultado do serviço porco do seu colega que fez na primeira instalação. Claro que eu já tinha reclamado na NET, reclamado do outro técnico, mas ninguém resolveu nada e eu andava bem sem tempo para ir atrás de uma solução. Mas daí o cara me deu uma solução e as instruções para lidar com os coleguinhas da NET que virão aqui e que, como o malaco que esteve aqui na primeira vez, não vão querer localizar o cabeamento desse apartamento antigo.

Achei incrível. O cara simplesmente estava comprometido, apesar do domingo de chuva e frio. Fez o seu trabalho da melhor maneira possível, que é como eu acho que as pessoas deviam agir sempre. Fazer o seu melhor, ou ao menos tentar.

E ele não me pediu um café ou uma cerveja por uma visita que não é cobrada.

Agora, tenho certeza de que esse cara sofre, assim como eu, quando vê as outras pessoas que trabalham com ele fazendo corpo mole e dando um jeitinho.